segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
O Circo
Finquei, metaforicamente falando alguns cigarros nos lábios, outros no cinzeiros, outros pelo chão da calçada da orla. Hoje com algumas lampadas apagadas e cadarços desamarrados em uma corrida rotineira e lágrimas apressadas para que ficassem disfarçadas aos olhos dos outros praticantes.
Bebi sinônimos metaforicamente falando algumas dezenas de doses, algumas doze dezenas. Hoje o bar não estava cheio e eu cheio de mim, ou cheio de você Pra dizer a verdade bebi pra tentar te afogar. Acabei me afogando, nas minhas próprias lágrimas.
Chorei sinos, metaforicamente falando, mergulhei em mim, descobri a morte ao descobrir que você não estava mais la, não em mim, ou descobri que eu não estava em você. São confusos os pensamentos.
E fiz malabarismos com as memórias, e me equilibrei na corda no vale da amargura. E pintei-me de palhaço e me fiz de bala, de dançarino, de mágico e o que tirei da cartola foi decepção.
É justamente agora, nas metáforas que encontro refúgio, são verdades disfarçadas são vestígios do vestido, do calçado, da calçada, aquela mesma que fez companhia para as cinzas do cigarros, fincados metaforicamente no meio da noite, entre as lampadas mal acesas da cidade, entre as latas, coelhos, cartolas, circos, e trampolins, me fiz de palhaço me deixei envolver, com a mágica do circo. Com seus segredos e inverdades, com suas metáforas.
[Gustavo Neves]
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