segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Rabiscos

Hoje é só mais um dia em que me pego rabiscando de um lado pra outro as folhas finais de um caderno jogado. E eu não estou pensando em nada. Mas o que seria nada? Nada é tão relativo, quanto Tudo.
“-vai colocar tudo isso? -Nada, só um pouco” “-vô, você esta doente? -Não meu filho. Está tudo bem!” E a morte leva, pra onde? Pro nada. Dia em que dezenas de folhas são rabiscadas, longo dia esse, ond
e nada pra se fazer se torna tudo o que você tem em mãos, e agora o paradoxo de nada ser tudo. A resposta fica inalcançável, eu não gosto de ter perguntas não respondidas, eu não gosto de fazer perguntas que não tem respostas. Outro caderno, outro pensamento, mesmo semblante triste, e outra folha e o rosto intacto, imutável, triste, o reflexo do meu rosto deformado pelo espelho convexo roubado de um ônibus, que pendurei no quarto há alguns dias. Já não sei se hoje é segunda ou quinta. Rabisco as folhas do calendário. E a caixa da pizza. E começo a fazer desenhos solitários nas mãos. Bocas que se conversam e um dialogo surge entre as mãos com bocas e olhos desenhados: “-vô, você esta doente? -Não meu filho está tudo bem” . Acho que hoje é segunda, ou seria quinta, não gosto de ter perguntas não respondidas, e o calendário não ajuda em nada, não me localizo. La se vai o ultimo pedaço de pizza, La se vai a tinta da caneta, La se vai o dia, as minhas perguntas, La se vai minha segunda, minha quinta, e se vai tudo. E nada era meu, e tudo era nada. Não gosto de ter perguntas não respondidas. Não gosto de fazer perguntas que não tem respostas. Acabou o caderno e eu não estou pensando em nada.

(Gustavo Neves - 2 da manha - 23/10/2012)

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